ATA DA
QUADRAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
NONA LEGISLATURA, EM 29.10.1987.
Aos vinte e
nove dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e oitenta e sete
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Quadragésima Segunda Sessão Solene da Quinta Sessão
Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada à entrega do título
honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Manoel dos Santos Martins, concedido
através do Projeto de Resolução n° 03/87 (proc. n° 438/87). Às dezesseis horas
e vinte e dois minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente
declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao
Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver.
Frederico Barbosa, 2° Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre,
presidindo os trabalhos da presente Sessão; Prof. Dante de Laytano, Presidente
da Academia Rio-grandense de Letras; Prof. Darcy Luzzatto, Presidente da Câmara
Rio-grandense do Livro; Dr. Hugo Ramirez, Presidente da Estância da Poesia
Crioula; Sr. Manoel dos Santos Martins, Homenageado; Ver. Hermes Dutra,
proponente da Sessão e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Sr.
Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O
Ver. Hermes Dutra, em nome das Bancadas do PDS, PDT, PFL, PCB, PT, PSB, PL e PC
do B, discorreu sobre a importância do trabalho do Editor, o qual participa
ativamente da vida cultural da comunidade. Teceu comentários sobre a vida e o
trabalho do Sr. Manoel dos Santos Martins (Martins Livreiro), cujo espírito
pioneiro e o amor aos livros fez com que percorresse o interior do nosso
Estado, num pequeno caminhão abarrotado de livros, levando cultura para nosso
povo. Ressaltou a importância do livro para o homenageado, o qual se acha
intrinsecamente ligado à literatura, comentando a feliz coincidência desta
homenagem estar sendo feita no “Dia Nacional do Livro”. Ao final,
congratulou-se com o Sr. Manoel dos Santos Martins, por ter contribuído para o
surgimento de novos valores e para o engrandecimento da cultura gaúcha. E o
Ver. Flávio Coulon, em nome da Bancada do PMDB, saudou o homenageado,
destacando que a entrega do presente título de Cidadão Emérito muito engrandece
a esta Casa. Fez um relato da vida do homenageado, dedicada ao comércio de
livros, proporcionando o surgimento de novos autores e o desenvolvimento de
nossa cultura. Comentou a fundação, em mil novecentos e cinqüenta e quatro, da
Livraria Martins Livreiro na Rua Riachuelo onde até hoje se localiza. Salientou
o recebimento, pelo homenageado, da “Medalha Simões Lopes Neto” e outros
títulos e votos de louvor de todo o Estado gaúcho, por sua atuação no setor
cultural rio-grandense. Ainda, o Sr. Presidente entregou ao homenageado
correspondência relativa ao evento e convidou o Ver. Hermes Dutra a proceder à
entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Manoel dos Santos
Martins. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Manoel dos
Santos Martins que agradeceu o título recebido. Após, o Sr. Presidente fez
pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades
presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar,
levantou os trabalhos às dezesseis horas e vinte e dois minutos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima terça-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Frederico Barbosa e
secretariados pelo Ver. Hermes Dutra, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Hermes
Dutra, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª
Secretária.
O SR. PRESIDENTE: Estão abertos os trabalhos
da presente Sessão Solene destinada à entrega do título honorífico de Cidadão
Emérito ao Sr. Manoel dos Santos Martins.
A Casa do povo se fará ouvir através dos representantes das mais
variadas Bancadas. Neste ato, especificamente, se farão ouvir os Vereadores
Hermes Dutra e Flávio Coulon. Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra, que falará em
nome das Bancadas do PDS, PDT, PFL, PCB, PT, PSB, PL e PC do B.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, meus Senhores e minhas Senhoras, caríssimo homenageado, Manoel dos
Santos Martins, de todos nós conhecido, quase que numa indissolúvel agregação
ao seu nome, como Martins Livreiro. Que feliz coincidência estamos vivendo!
Hoje, 29 de outubro, na mesma data em que a Câmara Municipal, a comunidade
desta cidade, amigos, colegas e familiares unem-se para homenagear Martins
Livreiro - um editor de renome - com a concessão do título honorífico de
Cidadão de Porto Alegre, comemora-se em nosso País o “Dia Nacional do Livro”.
Que data feliz a escolhida para a entrega deste título, e o livro, todos nós
sabemos, está intrinsecamente ligado à vida de Martins Livreiro, como aliás, a
sua biografia e o seu próprio apelido indicam. Portanto, este é um momento que
assume, por si só, o mais amplo significado, eis que vincula o reconhecimento a
um personagem popular, a uma data comemorativa pertinente à ocasião. Nosso
homenageado, Manoel dos Santos Martins - o Martins Livreiro - começou a
trabalhar na mais tenra idade, primeiramente, como jornaleiro; a partir dos 12
anos de idade, trabalhou sucessivamente em livrarias e editoras, o que o levou
a tornar-se um fervoroso apaixonado da comunicação escrita e, como conseqüência
um autodidata dedicadíssimo. A partir de 1952, passou a dedicar-se ao comércio,
por conta própria, ao fundar a livraria jurídica, a primeira especializada no
gênero de livros jurídicos nesta capital. No mesmo ano, criou, juntamente com
Sétimo Lua, a “Livraria Aurora”, também nesta capital, e ainda existente. Dois
anos após, fundou a Livraria Martins Livreiro, que até 82, funcionou ali, no
número 1218, na Rua Riachuelo, e hoje ainda se localiza na mesma rua, um pouco
mais adiante. Ainda hoje Martins lembra, não sem uma certa dose de orgulho, de
João Batista Tavares que ele transformou de um humilde engraxate, a seu
primeiro empregado na livraria. Em 68, com o espírito pioneiro, montou uma
livraria ambulante, em um caminhão, percorrendo as principais cidades do
interior do nosso Estado, perfazendo, nestes roteiros, inúmeros municípios e
trazendo excelentes resultados. Sentindo a necessidade de valorizar a cultura
rio-grandense, o nosso homenageado fundou, em 69, a Martins Livreiro Editora,
que buscava a promoção de autores gaúchos, de novos valores em surgimento, e a
reedição de obras esquecidas. Editores, no significado moderno da palavra, são
conhecidos no mundo ocidental, desde o tempo do império romano. Cícero, que
viveu de 104 a 43 a.C., expressava várias vezes sua satisfação por saber que
seus textos podiam ser lidos e encontrados em todo o mundo romano. O resultado
do trabalho do editor intervém e influi em quase todas as atividades da vida.
Através do livro de lazer e infantil, do livro didático e do técnico, do livro
de arte e da cartilha, do livro religioso e do de política. O editor participa
intensamente da vida cultural e intelectual, é um mensageiro entre os
produtores e os consumidores de bens culturais. Segundo Wolfgang Kanpp, também
editor, e cujos “hobbies” são ler livros, falar sobre livros e fazer livros,
diz que editar livros é uma atividade quase mais maluca que os escrever.
Precisa o editor de uma vasta bagagem cultural, dificilmente será um acadêmico,
muito menos um especialista. Ser editor é sempre gratificante. Se um livro
vende bem há a satisfação do reconhecimento e da recompensa financeira e se não
vende bem há sempre a satisfação de ter feito um bom livro. O editor tem de
tudo um pouco, tem algo de banqueiro, banca o empreendimento, só que a sua
garantia não é real, é ideal. Tem algo de industrial, ele transforma a matéria
prima, os pensamentos, em produtos acabados, que são os livros. Produz ou os
faz produzir em quantidades industriais, mas o valor material do seu produto é
determinado pelo conteúdo intelectual. Tem também, como não poderia deixar de
ser, alguma coisa de comerciante; procura vender seu livro e, por via de
conseqüência, sobreviver com isso, o que aliás, muitas vezes, não consegue. Em
síntese, o editor, como intermediário entre o escritor com a idéia e um público
que a possa aproveitar exerce três funções: social, cultural e econômica. Nas editoras
de iniciantes, o próprio editor cuida das diferentes fases pelos quais o
manuscrito passa até chegar ao leitor e na Martins Livreiro não foi diferente.
Quando começou a editora, nosso homenageado era revisor, editor, vendedor,
empregador, cobrador. E ele mesmo, hoje, recordando os momentos duros e penosos
do início, quando até necessitava utilizar o telefone do vizinho para recados e
se intitulava de “office-boy”.
Mas a verdade é que, sem desvincular do aspecto empresarial que deve
envolver uma atividade desta ordem, houve um estímulo muito grande por parte
dos amigos que o incentivaram a dar os primeiros passos na direção da Editora.
Tendo se especializado na divulgação editorial da história do Rio
Grande do Sul, de seus grandes vultos e feitos, dos folclores e epopéias e de
sua cultura em geral, ele sempre precisou investir recursos próprios para
editar livros. Formou tamanha tradição como editor que as obras chegavam até
ele sem que por elas precisasse procurar. Começou a ser procurado quando as pessoas
souberam que ele se preocupava especialmente com obras gaúchas, tanto para que
fossem reeditadas exemplares já esquecidos como para a compra de bibliografia
específica da nossa cultura.
Como referência histórica, lembro que o primeiro livro editado pela
Martins Livreiro foi, em realidade, uma reedição, com mil exemplares do título
“Potreiro de Guachos”, de Jaime Caetano Braun, rapidamente esgotada.
O segundo livro, também reeditado e com mil exemplares foi “Antonio
Chimango”, de Amaro Juvenal, um clássico da literatura rio-grandense, com
direitos autorais cedidos gratuitamente pela Editora Globo.
Hoje, assomam a mais de trezentos os títulos editados pela Martins
Livreiro Editor, exclusivamente abordando nossos assuntos regionais.
Segundo depoimentos dos componentes da Academia Rio-Grandense de
Letras, a quem, aliás, Martins Livreiro, sem nada cobrar, coloca à disposição,
já há muitos anos, as instalações da sede da Editora para a realização de
reuniões - o que lhe possibilita, em contrapartida, convivência com importantes
figuras das nossas letras e da nossa cultura, ele, Martins Livreiro, - “é o
editor que sempre prestigiou a literatura gauchesca, a literatura do Rio
Grande, abrindo caminhos e propiciando, generosamente, o surgimento de novos
valores literários, contribuindo efetivamente, assim, para a elevação do meio
em que convive. Martins Livreiro é o grande incentivador da publicação de obras
sobre o Rio Grande, poesia gauchesca, ficção, História, biografias, memórias,
etc. De acordo com o Irmão Elvo Clemente, um dos membros da Academia, Martins é
o livreiro que apostou no Rio Grande, e a gente do Rio Grande ganhou mais do
que ele. Ele entusiasmou os outros a se lançarem no mercado do livro, haja a
vista a Livraria Acadêmica de Nilton Souza que lhe seguiu os passos vitoriosos.
Mas o nosso homenageado, na ânsia de divulgar o livro, jamais colocou em
primeiro plano o retorno financeiro do investimento, remetendo, muitas vezes a
quem solicitava obras para amostragem. Como vemos, o livro, que no dizer de alguém,
antes de ser um texto, é um objeto: tem forma, cor, textura, volume, cheiro e
que podemos até ouvi-lo se folhearmos as suas páginas, está inseparavelmente
ligado à vida de Martins Livreiro.
Castro Alves, o grande poeta dos escravos, falou sobre os livros: “Oh
bendito o que semeia livros, livros a mãos cheias, e manda o povo pensar. O
livro, caindo n’alma, é gérmen que faz a palma, é chuva que faz o mar.” Esta
poesia retrata perfeitamente o profundo valor do livro e os bens incomparáveis
que ele pode proporcionar a todas as classes sociais, a todas as idades em
todos os tempos. Este valor, contudo, não é privilégio na era da tecnologia,
mas já era sentido pelos povos primitivos que tinham necessidade de expor suas
idéias e registrar seus feitos para a posteridade. Mas os livros, cujas origens
de fabricação remontam há mais de 5 mil anos no Egito, primeiramente, usando o
papiro, para depois ser substituído
pelo pergaminho, tem experimentado grandes evoluções, chegando, em nossos dias,
às mais perfeitas formas de aparência física. Entretanto, seu valor não está
condicionado ao seu aspecto físico. Ele vale pelo que contém, seu conteúdo, seu
texto. O livro enriquece, enobrece e muda os valores de uma sociedade. Ele
substitui o vazio das horas de lazer, recreando o leitor, recreando a sua
fantasia e transportando-o ao mundo dos sonhos. O livro muda a visão do mundo e
leva o pensamento do homem à consciência crítica dos fatos, tornando-o um ser
reflexivo, pois a “criticidade” é por natureza inerente ao veículo literário. O
livro é um libertador de sons, imagens, sentimentos, idéias e elementos de
informação que abrem as portas do tempo e do espaço. O livro liberta uma Nação
do cativeiro da ignorância, do desconhecimento e da opressão, pois um povo lido
é um povo livre, caso contrário este povo vê-se bloqueado do seu poder de
emancipação, permanecendo paralisado e cercado à espera sempre da justiça
social. Manoel dos Santos Martins, o Martins Livreiro continua, em nossos dias,
marcando época dentro da sua especialidade. E homenageá-lo é homenagear o
livro. Para isto ainda alguns aspectos de sua vida, sejam eles particular ou
profissional, precisam ser destacados para que fiquem registrados para a nossa
posteridade. Aliás, quero fazer um parêntese que não coloquei no discurso para
registrar, nos Anais da Casa, de onde veio a idéia de homenagear Martins
Livreiro. Sendo um freqüentador assíduo da Feira do Livro nos últimos 15 anos,
dado que não sou desta Cidade, sou do interior, acompanhei a sua evolução de um
número de barracas não muito expressivo a hoje a fila que tem de pessoas e
entidades que querem participar e não encontram mais lugar na Feira do Livro. E
sou daqueles que olham as coisas e, sobretudo, sentem as coisas. E de manusear
os livros usados, até por necessidade, a época, e hoje por gosto, se toma
contato com esta com aquela editora, com este editor, com este vendedor e vai
se fixando com o passar do tempo as pessoas e/ou as entidades que participam da
Feira. E, com o passar do tempo, comecei a observar que havia alguém que estava
mudando a sua participação na Feira e, sobretudo, com o aparecimento eventual
de obras que dificilmente seriam encontradas no mercado. Para isso, lembro-me
bem, socorreram-me as leituras de Carlos Reverbel, na “Folha da Tarde” e de
Sérgio da Costa Franco, no “Correio do Povo”, hoje, na “Zero Hora”, que
seguidamente também comentavam o aspecto desse livreiro que ia lançando livros
e mais livros que alguém sequer poderia imaginar que voltassem, desde a
“Seleta” e “Memórias” a obras que o porto-alegrense de hoje teria lido alguma
coisa em outros livros. Na última Feira do Livro, há um ano, parei, mais uma
vez, no estande do Martins Livreiro e fiquei ali a folhear os livros gaúchos e,
obviamente, há que se fazer uma comparação entre uma editora que tem um estande
relativamente modesto e as grandes editoras nacionais, com obras faustosas, bem
encadernadas e com vendedores altamente profissionalizados a vender, ao público
que vai à Feira, aqueles sofisticados produtos. Ali, surgiu a idéia de
homenagear Martins Livreiro. Achei que como Vereador desta Cidade tinha a
obrigação de fazer com que a Casa resgatasse a dívida da Cidade para com essa
pessoa que, produzindo, menos para sobreviver e mais para produzir alguma coisa
que dissesse sobre o Rio Grande, enfrentou verdadeiros monopólios e hoje pode
ser considerado um vencedor. Passou-se o tempo - e faço o registro por justiça
- conversei, nesta Casa, com o Ver. Antônio Hohlfeldt, Líder do PT, e que é o
intelectual da Casa, e lhe disse da minha idéia, porque não conhecia esse
simpático e tímido cidadão. Imediatamente, obtive o apoio do Antônio que me pôs
em contato com amigos do Martins e a partir dali passei a elaborar o Projeto
com a antecipada consulta aos meus companheiros de Câmara. Porque quando se
apresenta um Projeto para homenagear alguém há que se fazer antes uma consulta
- até porque não sabemos se haverá votos suficientes para aprová-lo. Não houve
o menor obstáculo, a menor obstrução para que se fizesse esta homenagem, o
Projeto foi aprovado por unanimidade e fui à agenda das festividades da Casa
buscar o dia para homenageá-lo. E por estes caminhos insondáveis do destino só
tinha um dia livre que era hoje e que fui, mais tarde, saber - confesso - ser o
Dia Nacional do Livro. Quem sabe esta homenagem, também, transcende um pouco da
nossa simples forma de ser como matéria?
Mas volto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, feito o registro, ao
discurso. (Lê.) “Personagem muito conhecido dentro e fora do Estado, Martins
Livreiro, - Manoel dos Santos Martins -, é constantemente procurado por pessoas
que desejam a avaliação de obras. Dono de uma memória invejável é capaz de,
olhando títulos de obras, poesias, lembrar-se instantaneamente da pessoa que a
solicitou. Ainda hoje se dedicando à editora, pensa sempre quando os problemas
se avolumam em largar. Mas, de repente, lá está ele com mais e mais trabalho,
prova disso são as feiras do Rio Grande do Sul realizadas fora do Estado que já
aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília e nas quais Martins
Livreiro Editora atuou como nosso representante exclusivo, participando com
livros gauchescos e obras de outras editoras. Estas feiras são promovidas três
a quatro vezes por ano e lá, sempre presente, está Martins Livreiro, divulgando
a nossa terra, a nossa gente, os nossos costumes e as nossas tradições. A esse
propósito, cabe referir que o Rio Grande do Sul é o Estado que mais edita obras
sobre a sua história e sobre a sua cultura, o que faz com que seja o assunto
mais procurado nas feiras de livros do País. Aliás, me lembrando disto quando
folheava os subsídios para fazer um pronunciamento, tinha em mãos uma poesia
que Martins Livreiro, ou Manoel dos Santos Martins, na época tinha sempre em
mãos e a dava para qualquer um que a procurasse, tirava imediatamente a cópia
da poesia porque era uma poesia que não existia em termos de edição, que é a
poesia Retorno Bravo de Ubirajara Raffo Constant. E lendo a poesia, eu que
gosto bastante de poesias gaúchas, encontrei inclusive dois versos, Martins,
que eu acho que cabe perfeitamente ao teu amor e tua insistência em fazer
coisas pelo Rio Grande. São os dois últimos versos do poema que diz: “Meu pai,
eu não fui covarde, honrei meu poncho e minha adaga. Fiquei coberto de chagas,
mas agüentei o repuxo. Fui valente. Fui gaúcho e peleei com todo o ardor e se
aqui vim escondido foi para salvar do inimigo o pavilhão tricolor.”
Isto me lembra, Martins, que tu fazes exatamente isto, só que não o
fazes escondido. Estás ajudando a salvar os nossos costumes, os nossos autores,
o que de bom, o que é nosso, o próprio do Rio Grande. Mas nosso homenageado que
costuma mencionar seguidamente a frase que uma casa sem livro é como um corpo
sem alma, foi o grande, foi o grande batalhador pela introdução do livro usado
na nossa Feira do Livro. A ele cabe todo o mérito da iniciativa. E aqui,
Martins, faço um testemunho público daqueles que, vindo do Interior, e que,
enfrentando a Cidade grande com poucos recursos para comprar livros, sempre
encontraram no sebo, como se dizia, que aliás para nós, lá do Interior é uma
palavra que tem um significado completamente diferente, a forma de saciar a
fome de ler, muitas vezes, a necessidade de se fazer um trabalho até para se
garantir a passagem do ano. Por falar na nossa Feira do Livro, há um episódio
curioso que merece ser contado. O Martins sempre levava consigo como mascote de
sua barraca, devidamente empalhado, o primeiro marreco que caçava. Um de seus
inúmeros amigos todo ano, como sadia brincadeira, o fazia desaparecer e, no
término da feira, como por mágica o marreco sempre aparecia de novo.
Recentemente, no início deste mês, como que num reconhecimento à sua
atividade, a sua excepcional atuação no campo da difusão da cultua, foi Martins
Livreiro o patrono da Feira do Livro realizada em Cachoeira do Sul. Martins
Livreiro, agora, aos poucos está transferindo a familiares a responsabilidade
da editora. Podemos dizer que muito embora seu ideal fosse ser médico, Martins
Livreiro é uma pessoa realizada, pois fez, fez o que gosta. Sempre externou um
único sonho: gostaria de ter nascido numa cidade do interior, na campanha. Quem
sabe isso o tenha praticamente levado a radicar-se em Cachoeira do Sul, fazendo
assim, talvez, com que seu sonho de se interiorano tenha se tornado realidade,
onde muito à vontade pode praticar a caça em menor intensidade e a pesca;
segundo ele diz, ainda se consegue tirar alguns dourados no rio Jacuí mesmo que
com certa dificuldade.
Martins Livreiro que sempre adotou em primeiro lugar na vida como norma
de conduta servir ao próximo, causa de justo orgulho a todos quanto com ele
convivem e labutam. Um exemplo vivo de sua preocupação foi a poesia a que me
referi “O Retorno Bravo”, da qual sempre havia uma cópia para quem fosse
procurá-lo.
Parabéns, Martins Livreiro! Parabéns em meu nome particular, em nome de
meu Partido, o Partido Democrático Social, pelo belíssimo exemplo que nos dá e
falo aqui com muita honra também em nome do Partido Democrático Trabalhista, do
Partido da Frente Liberal, do Partido Comunista Brasileiro, do Partido
Comunista do Brasil, do Partido dos Trabalhadores, do Partido Socialista
Brasileiro. Tua grandeza humana, Martins, teu trabalho, que a partir de um
modesto início de vida, fez que com denodo, entusiasmo, alcançasse renome,
tornando-se um conceituado editor. A inestimável contribuição que dás à
divulgação de nossa história e da nossa cultura fazem-te (sic) merecedor da
homenagem e do título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre que hoje
estás a receber.
Há títulos que engrandecem a quem recebe, há outros que engrandecem a
quem os dá. Nosso caso é o último. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: É com muita honra que passo
às mãos do homenageado uma série de manifestações enviadas à Casa, em nome da
Presidência, em nome do autor da proposição, em nome do próprio homenageado,
todas elas enaltecendo a justiça do título ora concedido e cumprimentando o
autor do Projeto e a Casa pela votação unânime e a concessão desse título.
A seguir, concedo a palavra ao Ver. Flávio Coulon, Líder do PMDB, que
falará em nome de sua Bancada.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e srs.
Vereadores, tarefa difícil suceder nesta Tribuna o Ver. Hermes Dutra, autor
desta homenagem, mas o PMDB, sob a minha liderança, decidiu não deixar de
ocupar esta Tribuna em nenhuma homenagem nesta Casa. Porque estas homenagens
têm nos propiciado momentos de maravilhoso encantamento, onde nós temos,
efetivamente, prestado justas homenagens a porto-alegrenses ilustres e a
pessoas de outros estados, que, conforme disse o Ver. Hermes Dutra, muito mais
engrandecem esta Casa do que saem daqui engrandecidos. Combinei com o Ver.
Hermes Dutra que faria algumas referências a respeito de Manoel dos Santos
Martins, para que elas constassem nos Anais desta Casa, para que, no futuro,
aqueles que consultarem esses Anais tenham um registro escrito dos nossos
homenageados.
Manoel dos Santos Martins, nasceu em Porto Alegre, no dia 30 de outubro
de 1928, sendo filho de Ignácio Manoel Martins e Delphina dos Santos.
A vida e os empreendimentos levados a cabo por Manoel dos Santos
Martins, durante sua vida, são exemplo vivo e dignificante de grandeza humana.
Tendo começado a trabalhar na mais tenra idade, como modesto jornaleiro,
tornou-se, desde logo um apaixonado fervoroso da comunicação escrita e, por
conseqüência, um autodidata dedicadíssimo e por fim, um esclarecido e bem
informado cidadão. Passou a dedicar-se, então, ao comércio de livros, primeiro,
como empregado de editoras e livrarias e, depois por conta própria, como se vê de
seu curriculum vitae, vindo a tornar-se, a seguir, um editor de renome,
especializando-se na divulgação editorial da História do Rio Grande do Sul, de
seus grandes vultos e feitos, folclores e epopéias, de sua cultura em geral.
Deste modo, enquanto enriquecia sua personalidade com sua experiência
de trabalho editorial, com suas atividades e grande dedicação, propiciava
generosamente o surgimento de novos valores literários, contribuindo assim para
a elevação do meio em que vivia e convivia criativamente.
Hoje, sua casa editora tornou-se consideradíssima e, com ela, convivem
importantes figuras das nossas letras e da nossa cultura, tendo aberto,
generosamente, suas portas à presença da Academia Rio-Grandense de Letras que
ali realiza suas reuniões ordinárias.
Assim, constata-se a grandeza humana e operativa de Manoel dos Santos
Martins que da modéstia do início de sua vida, galgou com denodo os degraus da
fama e tornou-se um conceituado editor, prestando sua inestimável contribuição
à divulgação de nossa história e de nossa cultura. Enfim, uma vida exemplar.
Atividades Profissionais: De 1940 a 1943, foi empregado da Livraria
Celso Freire F.º, em Porto Alegre; de 1943 a 1950, trabalhou na Livraria Vera
Cruz Ltda. em Porto Alegre; em 1951, passou a pertencer ao quadro de
funcionários da Editora Guanabara (Waismam e Coogan Ltda.), filial de Porto
Alegre; em 1952, fundou a Livraria Jurídica, a primeira especializada no
gênero, nesta capital, na venda de livros jurídicos; em 1952, ainda, criou,
juntamente com Sétimo J. Luizelli, a Livraria Aurora Ltda., em Porto Alegre; em
1954, fundou a Livraria Martins Livreiro até 1982 à Rua Riachuelo, n° 1218, e,
hoje, ainda na mesma rua, porém no prédio de n.º 1273; em 1968, montou uma
livraria ambulante que, num caminhão, percorreu mais de trinta municípios do
interior do Rio Grande do Sul; em 1969, fundou a MARTINS LIVREIRO - EDITOR,
especializada na publicação de livros que abordam assuntos sul-rio-grandenses,
hoje com mais de trezentos títulos editados.
Outras atividades representativas: Presidente, durante quatro anos, do
Pinhal Atlético Clube; Membro do Conselho Deliberativo e atualmente Conselheiro
Fiscal do Glória Tênis Clube; Conselheiro Fiscal da Câmara Rio-Grandense do
Livro; membro do Círculo de Pesquisas Literárias do Rio Grande do Sul.
Títulos Honoríficos: o Governo do Estado do Rio Grande do Sul
concedeu-lhe, em 3 de novembro de 1982, de Conformidade com o Decreto n.º
21.669 de 25 de março de 1972, tendo em vista sua excepcional atuação no campo
da difusão da cultura, em que se notabilizou em sua atividade de editor voltado
para a cultura sul-rio-grandense, a “Medalha Simões Lopes Neto”; em 4 de
novembro de 1983, tendo em vista sua valiosa contribuição, como livreiro-editor
às letras sul-rio-grandenses, a Fundação Ilha de Laytano concedeu-lhe o título
de “Benemérito da instituição”; Sócio Posteiro de “Os Anhangueras”, Grupo
Amador de Arte, de São Borja, por sua inestimável contribuição no setor
editorial do Rio Grande do Sul, conforme título honorífico conferido em 19 de
abril de 1981; Voto de Louvor, concedido pela Câmara Municipal de Caxias do
Sul; Voto de Louvor concedido pela Câmara de Vereadores de Sapiranga; Voto de
Louvor da Câmara Municipal de Esteio; Voto de Louvor concedido pelo Polo
Cultural do Município de Cachoeira do Sul; e, hoje, Cidadão Emérito de Porto
Alegre.
Quando verifiquei na lista das homenagens do mês de outubro o nome de
Manoel dos Santos Martins, procurei o Ver. Hermes Dutra e perguntei a ele: Ver.
Hermes Dutra, quem é Manoel dos Santos Martins? Disse o Vereador: Martins
Livreiro. E pronto, imediatamente uma pessoa totalmente desconhecida passou a
ser uma pessoa altamente conhecida. E me parece que à margem, e por cima de
todos esses títulos e honrarias que Martins Livreiro já recebeu, a grande honraria
que ele já recebeu, recebe e carrega é, justamente, ser Martins Livreiro. É
essa a identificação. Não me parece que exista uma homenagem maior da
intelectualidade do Rio Grande do Sul aqui representada e muito especialmente
desta peonada que se esparrama por este pampa gaúcho do que esta marca Martins
Livreiro, Martins, o homem do livro, Martins, o livresco. Me parece que a
sociedade do Rio Grande do Sul foi assaz generosa, assaz perspicaz, para lhe
prestar esta grande homenagem. Deixa de existir Manoel dos Santos Martins, e
existe, em todo esse meio da intelectualidade, recebendo os agradecimentos de
todos aqueles que têm o conhecimento de sua obra. Essa obra que, de maneira
sutil, de maneira desapercebida entra em nossas casas. Há poucos dias, o meu
filho trazia uma reedição da “Selecta”, e dizia: “Pai, no tempo de vocês era
isto?” E eu lembrava que li, no jornal daquela época, uma homenagem muito
grande à lembrança de Martins Livreiro, de editar este livro. Aliás, quando
comentava na Universidade a respeito dessa homenagem, me disse um professor:
“Irás homenagear o livreiro romântico do Rio Grande do Sul.” Porque o homem que
edita as obras mais com o coração do que com a razão é o último dos românticos
que tem nesta terra. Essa peonada toda que está aí lendo esses livros
gauchescos, e na base do romantismo, pois como dizia este meu colega: “Tenho
certeza absoluta que Martins Livreiro não fica rico, não ganha dinheiro com
esses livros, mas os edita na base do coração, na base do amor a esta terra, onde
ele nasceu.” E eu quero lhe dizer que, com toda a honra que lhe oferecemos este
título de Cidadão Emérito para os cidadãos que nasceram em Porto Alegre, tenho
certeza absoluta que, se Martins Livreiro tivesse nascido em qualquer lugar
deste Rio Grande do Sul, ou em Cachoeira, como disse há pouco o Ver. Hermes
Dutra, hoje estaríamos aqui lhe outorgando o título de Cidadão de Porto Alegre,
com todo o merecimento. De modo que, meu caro Martins Livreiro, em nome desta
Cidade, eu, na qualidade de Líder do PMDB, tenho a grata honra, a grande
satisfação, em nome destes milhares e milhares de pessoas espalhadas por este
Rio Grande do Sul e por este Brasil, pessoas estas, como já disse, desde o mais
alto intelectual, desde o mais alto desembargador desta terra, até o mais
humilde peão desta terra, que, graças a ti, tiveram acesso a esta maravilhosa
literatura, a estes maravilhosos momentos de encantamento que nos deixam estas
literaturas, eu aqui estou para te cumprimentar, cumprimentar a teus familiares
e amigos por este título alcançado e te agradecer, em nome do PMDB, em nome,
fundamentalmente, de nossa cidade, por tudo aquilo que fizeste, por tudo aquilo
que representas e, sem dúvida alguma, por tudo aquilo que continuarás fazendo
pela nossa cultura. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A seguir, convido o Ver.
Hermes Dutra, autor da Proposição, para fazer a entrega do Título ao nosso
Homenageado.
(É feita a entrega do título.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o nosso
homenageado.
O SR. MANOEL DOS SANTOS
MARTINS:
Sr. Ver. Frederico Barbosa, Prof. Dante Laytano, Presidente da Academia
Sul-Rio-Grandense de Letras, Prof. Darcy Luzzatto, Presidente da Câmara
Rio-Grandense do Livro, Dr. Hugo Ramires, Presidente da Estância da Poesia
Crioula, Srs. Vereadores, meus Senhores, minhas Senhoras. “Vivo, nesta hora, um
sonho, talvez, o mais bonito de todos que ousei sonhar, parece mentira que o
poder legislativo da minha Cidade, e a totalidade dos nobres Vereadores de
todas as bancadas, tenham resolvido conceder este altíssimo galhardão a este
humilde e despretencioso artesão do livro. Sempre procurei me furtar às luzes
dos destaques, nunca desejei ser atração, na minha condição de livreiro busquei
transformar os autores que edito, no centro das atenções, deslocando
corretamente para as suas pessoas e obras, no interesse do público e agora,
comovido, vejo-me cercado de honrarias, rodeado pelas pessoas que me são mais
caras, afetivamente, e distinguido pelos mais ilustres homens públicos desta
Cidade, recebendo a distinção mais importante que eles podem conferir.
Interpreto este título e o recebo como um aval, como endosso de tudo quanto
tenho procurado fazer em defesa da nossa cultura mais significativa em torno de
nossos autores, muitos dos quais quase no anonimato, vem construindo
pacientemente uma obra de amor, autênticos heróis da literatura, em prosa e em
verso, da história. Quero repartir com eles esta honra que é grande demais para
carregar sozinho. Eu que sempre amei esta terra; vejo, agora, que o meu amor é
correspondido. Toda a minha vida foi dedicada a letra impressa, guri, ainda, já
andava pelas ruas vendendo jornais, do jornal passei para o livro. Levado pela
minha incultura, envergonhado pela falta de formação escolar, procurei me
cercar de livros, e a eles devo o que sou. Se vierem tristezas e preocupações,
muito mais me darão alegrias como esta que vivo neste momento. Os livros me
trouxeram as amizades que cultivo e das quais não abro mão. Convivi,
intimamente, com alguns dos mais renomados intelectuais do Rio Grande, como
Érico Veríssimo, Moisés Vellinho, Dionélio Machado, Walter Spalding e tantos
outros, que me deram, a par de sua amizade, o seu incentivo e o seu apoio.
Graças a eles, quando ninguém se preocupava com colocar os títulos esgotados de
nossa melhor bibliografia à disposição das novas gerações, tratei de
reeditá-los e fui, por um breve e fugaz momento, o Quixote de literatura
gaúcha, a investir contra os moinhos de vento da descrença. Vencido o primeiro
embate, aventurei-me no lançamento de títulos e autores novos e, outra vez
encontrei um público ávido de leitura, sequioso de saber. A promoção de nossa
cultura ensinou-me uma lição preciosa - a de que é preciso confiar nos jovens,
realidade de Hoje, semente do Amanhã. É cada vez mais imperioso investir na
juventude, dar-lhe condições de acender o seu próprio facho, de iluminar o
futuro.
Para mim, homem do povo, cultura é amor. Amor por esta terra e por esta
gente, amor por nossas tradições, que nos justificam como povo e que nos
conferem uma identidade original. Que cimentam a nossa união e enfatizam a
nossa solidariedade. Perdidas na poeira dos tempos as disputas entre Chimangos
e Maragatos que partiram em duas a sociedade gaúcha, faz-se mister unir, somar,
multiplicar. O Rio Grande não se doma jamais. Quanto mais leva espora e mango,
mais corcoveia, como os cavalos aporreados que nunca abaixam o toso. É a
cultura deste povo aporreado que eu defendo e nela apostei minha vida.
Este é um ato de amor. Nobre Vereador Hermes Dutra, meu companheiro de
ideal, legítimo representante do povo porto-alegrense. Vossa Excelência e seus
dignos pares nesta Casa, pelos difíceis caminhos da política também se
dedicaram ao mesmo apostolado, a esta terra, a esta gente. E pelo mesmo motivo
- por amor. V. Excelências brilham nesta Tribuna, esparzindo luz. Eu me oculto
atrás dos livros, Tribuna tão nobre como esta que ocupo agora. Muito obrigado.”
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ao finalizar esta Sessão
Solene, a Presidência dos trabalhos gostaria de cumprimentar nosso homenageado
mais uma vez e também o autor da Proposição, o Líder da Bancada do PDS, Ver.
Hermes Dutra. Na Presidência de outras Sessões Solenes tenho dito e repetido
que a Casa do Povo de Porto Alegre se vê envolvida diariamente por força do
mandato popular que nos é concedido, a um debate que certamente nos atinge em
algumas horas do dia, mas interiormente nos cerca pelas 24 horas do dia. Se por
um lado nossa missão e nossa obrigação é defender os vários segmentos sociais
que nos trazem a este Plenário, por outro lado, todos nós, independente de
correntes partidárias, nos sentimos extremamente felizes quando companheiros
conseguem pinçar junto aos vários segmentos sociais nomes que recebem a unanimidade
deste Plenário em homenagem como esta que fazem com que, além do homenageado, a
Câmara Municipal de Porto Alegre também sinta-se homenageada pela presença dos
amigos, dos parentes, daquele que escolhido por um Vereador torna-se cidadão
desta Cidade, por título, por honra e por mérito.
Portanto, no momento em que Sessões como esta, repleto o Plenário por
pessoas que representam a intelectualidade e a cultura de nossa Cidade, acorrem
a esta Casa, nós temos absoluta certeza que nós cumprimos com um bem, também a
nossa obrigação, que é a de reconhecer o mérito de algumas pessoas, que
certamente pela chancela de seus amigos mostram a certeza da homenagem que ora
realizamos. Arriscaria e ousaria, prezado autor da Proposição, que citou a
coincidência do Dia Nacional do Livro, em dizer que existem, no mínimo, mais
três coincidências: a coincidência de que há pouquíssimos dias atrás esta
Cidade inaugurou a Rua do Livro, que daqui a 24 horas menos 17 minutos
estaremos inaugurando mais uma Feira do Livro e por último, para que todos
saibam inclusive que coincidimos a Sessão de hoje com a data do aniversário do
próprio autor da Proposição. Portanto, meus amigos, minhas amigas, assim
ousando chamá-los, parece que a Sessão de hoje irradia simpatia, que irradia cultura,
que irradia acima de tudo a justiça da homenagem estar repleta e cercada de
coincidências.
Ao encerrar a presente Sessão, gostaria de penhoradamente, em nome da
Mesa, e de todos os Vereadores desta Casa agradecer a presença de todos os
senhores e, na impossibilidade de citar o nome de todos os presentes, fazer
através dos componentes da Mesa, do nosso homenageado Manoel dos Santos
Martins, do ilustre também Cidadão de Porto Alegre, Prof. Dante de Laytano,
Presidente da Academia Sul-Rio-Grandense de Letras, do Prof. Darcy Luzardo,
presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Dr. Hugo Ramirez, presidente da
Estância da Poesia Crioula, do Frei Rovílio Costa, também Cidadão desta Cidade,
e finalmente citar também a honra que tem a Casa de receber o Ministro Raul
Cauduro e o ex-Deputado Temperani Pereira, que juntamente com todos os senhores
e todas as senhoras muito nos alegraram na tarde de hoje, com as suas
presenças.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os
trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 17h20min.)
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